Nesta semana, a Associação Brasileira de Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) integrou a missão oficial do governo brasileiro à China. O objetivo da missão foi fortalecer as parcerias bilaterais, incentivar investimentos privados e avançar nas discussões sobre biotecnologia agrícola. O Brasil busca não apenas ampliar as exportações de commodities para a China, mas também diversificar a oferta de produtos comercializados. O diretor da Abramilho, Bernhard Kiep, foi convidado a participar da comitiva como representante dos produtores de milho.

Enquanto o governo trabalhou nas questões jurídicas, diplomáticas e técnicas relacionadas à abertura de exportação de novos produtos para a China, a Abramilho teve participação estratégica ao evidenciar, de forma concreta, os avanços dos produtores brasileiros na aplicação da biotecnologia no campo — em especial, no desenvolvimento e na adoção de sementes mais produtivas, resilientes e sustentáveis. Esse diálogo construtivo foi essencial para alinhar expectativas entre as partes envolvidas, fortalecer a credibilidade do setor agropecuário brasileiro e contribuir para a aprovação de tecnologias que impulsionam a competitividade do agronegócio.
“Tivemos conversas intensas com diferentes áreas do governo chinês, especialmente sobre a produção de sementes. A China, por ser um país com grande produção agrícola e uma indústria de sementes bastante avançada, adota critérios rigorosos para proteger seu território na introdução de novas variedades. Isso mostra o cuidado que eles têm ao avaliar a entrada de tecnologias externas, como novas sementes desenvolvidas com biotecnologia.”
A missão contou com uma série de reuniões. De acordo com o diretor da Abramilho, além de apresentar a evolução da agricultura brasileira em práticas sustentáveis, as reuniões tiveram como foco alinhar esforços entre diferentes setores. “O trabalho da Abramilho foi justamente o de mostrar quais são as nossas demandas e a evolução que existe por parte do agricultor brasileiro no cuidado com o meio ambiente, na proteção do solo e no manejo sustentável, sempre buscando aumentar a produção de forma responsável.”
China decide importar DDG do Brasil
Na missão foi anunciada a decisão da China em importar DDG do Brasil. O DDG, (do inglês “dry distilled grain” ou “grão destilado seco”) é um subproduto da fabricação de etanol a partir do milho. Nesse processo, o amido do milho é transformado em etanol e gás carbônico. O que sobra — rico em proteína, fibra e gordura — é o DDG, um ingrediente muito nutritivo usado na alimentação de animais.
Ele é especialmente valioso por conter muita proteína que não se perde no rúmen (estômago dos ruminantes), sendo ideal para bovinos, aves e suínos. Seu uso melhora a dieta dos animais e pode substituir ingredientes mais caros, como o farelo de soja e o milho.
A produção começa com a moagem do milho, passa pela fermentação e destilação, e termina com a separação dos resíduos sólidos. Esses resíduos podem ser usados ainda úmidos (WDG) ou secos (DDG). Se forem misturados com os líquidos restantes da fermentação antes da secagem, formam o DDGS, que tem ainda mais valor nutricional. Tanto o DDG quanto o DDGS são usados em rações por serem fáceis de armazenar e transportar. Além disso, ajudam a aumentar o ganho de peso dos animais e melhoram o aproveitamento dos alimentos.
Na safra de 2024/25 o Brasil produziu 4.11 milhões de toneladas de DDG/DDGS. A tendência é que haja um aumento da produção. A aprovação do DDG brasileiro no mercado chinês também foi destacada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, durante sua participação na abertura do 3º Congresso Abramilho, realizado na quarta-feira (14), em Brasília. “A principal conquista é a abertura do mercado chinês ao DDG brasileiro, o farelo produzido durante a fabricação do etanol de milho, um mercado que cresce em progressão geométrica e contribui para a mitigação dos riscos climáticos”, pontuou.
Agradecimento
A Abramilho agradece a todos os envolvidos na missão brasileira à China que contou com a participação de 11 ministros e cerca de 200 representantes dos mais diversos setores da economia nacional. A delegação foi fortalecida pelo apoio de importantes entidades nacionais e internacionais, como a CropLife Brasil, além de associações que representam a cadeia de grãos e oleaginosas, entre elas a própria Abramilho e a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Também estiveram presentes empresas de destaque no setor, como BASF, Bayer, Corteva e Syngenta.
Nosso agradecimento especial ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), aos secretários Carlos Goulart e Luís Rua, bem como ao Ministério das Relações Exteriores pelo empenho e dedicação na construção de pontes comerciais e institucionais com um dos principais parceiros do agronegócio brasileiro. Seguimos comprometidos com o fortalecimento da produção agrícola nacional e com a abertura de novos mercados para os produtores brasileiros.
