Lucilio Alves – Pesquisador do Cepea
Para pesquisador, é preciso avaliar melhor a relação entre oferta e demanda para definir preços futuros. “Qualquer parâmetro de safra + safrinha abaixo de 100 milhões de toneladas ou qualquer ritmo de exportação acima de 35 milhões de toneladas darão firmeza aos preços do milho no segundo semestre
Após um longo período de preços muito firmes e sustentados no mercado futuro, o milho passa agora a refletir uma série de incertezas e recua forte entre as principais posições negociadas na B3. Entretanto, no mercado físico as referências permanecem bastante firmes, como explica o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves.
Entre as incertezas que começam a ser observadas pelos participantes do mercado do milho estão aquelas ligadas ao cenário macroeconômico e os efeitos que são sentidos nas transações de mercadorias entre países e regiões que afetam todos os elos da cadeia produtiva, das carnes ao mercado de grão como um todo.
Já no quadro de oferta e demanda, há um plantio um pouco mais tardio em importantes pontos de produção da safrinha e, da mesma forma, incertezas sobre o desenvolvimento dessas lavouras. “Há possibilidades de problemas climáticos maiores, inclusive geadas no final de maio, começo de junho e, com isso, sabermos qual será a produtividade dessa safra e com quão próximos ficaremos das 100 milhões de toneladas esperados até agora”, diz Alves.
O pesquisador explica, portanto, que enquanto o mercado físico foca em seus fundamentos e mantém os preços elevados, como o indicador Cepea que, nesta terça-feira (17), bateu novo recorde e chegou aos R$ 58,41 por saca, base Campinas, o mercado futuro tenta antecipar todos estes problemas, especialmente os que podem ser causados pelo coronavírus.
“Mas as cotações futuras atuais estão muito em linha com os contratos a termo para exportação no segundo semestre, ou seja, o mercado considera que a segunda safra ainda vai ser cheia, podemos ter alguns aspectos ligados às transações ou dificultando novos contratos de exportação, e esse também é um ponto relevante”, explica.
Mais do que isso, o pesquisador relata ainda que o valor da tonelada de milho despencou de forma expressiva também em outros terminais de exportação como Mar Negro, Argentina, e Golfo do México saindo de US$ 180,00 para US$ 155,00 por tonelada. E essas baixas podem tirar parte da competitividade do cereal brasileiro, exigindo também um ajuste das cotações no Brasil. “Ou pelo menos pode sobrar mais milho para o mercado interno e isso também ajuda a derrubar os preços”.
NEGÓCIOS
Sobre a continuidade dos negócios, Alves lembra que há um grande volume de contratos antecipados já feitos em boa parte dos estados produtores e exportadores de milho, como Mato Grosso indicando cerca de três quartos da sua produção já negociada.
“Isso é um ponto que, se os contratos forem cumpridos, pode reduzir a disponibilidade interna e aumentar a disputa pelo produto de outras regiões e, em outras palavras, motivos para sustentação de preços. Mas, se os parâmetros de preços ficarem mais atrativos internamente, claramente, pode haver uma reversão de contratos de exportação para mercado interno”, diz.
O Mato Grosso já tem ainda boa parte da sua safra 2021 comercializada e isso é mais um fator de suporte.
“Do ponto de vista vendedor, não dá para perder oportunidade de negócios. Do ponto de vista de comprador é relativamente arriscado esperar quedas bruscas e, por outro lado, se há possibilidade de contratos a termo em preços menores do que os atuais, estão esperando o que para efetivamente realizar negócios?”, analisa o pesquisador do Cepea.
Notícias Agrícolas – 18/03/2020
Câmara aprova MP sobre negociação de dívidas com a União
Publicado em 19/03/2020 07:47
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LOGO REUTERS
(Reuters) – A Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira, em votação simbólica, medida provisória enviada pelo governo para regulamentar a negociação de dívidas com a União, com desconto e parcelamento em até 7 anos.
O texto aprovado pelos deputados, que agora será enviado ao Senado, autoriza desconto de 70% nos débitos de pessoas físicas, micro e pequenas empresas, Santas Casas, instituições de ensino e demais organizações não governamentais, inclusive as religiosas. Outros devedores terão desconto de até 50%, informou a Agência Câmara de Notícias.
Os descontos não poderão ser sobre o valor principal original da dívida corrigido, incidindo somente sobre multas, juros de mora e encargos legais.
As dívidas que podem ser objeto da transação são aquelas junto à Receita Federal ainda não judicializadas, as de competência da Procuradoria-Geral da União (PGU), da Procuradoria-Geral Federal (PGF) e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Quanto às dívidas perante o regime tributário especial para as micro e pequenas empresas (Simples Nacional), a transação dependerá de lei complementar específica, acrescentou a agência.
Reuters
Notícias Agrícolas – 19/03/2020
Queda nos embarques de milho na 2a. semana de março, mas média diária está maior que em fevereiro
Na primeira semana de março, o Brasil exportou, em média, 60,82 mil toneladas de milho em grão por dia. Já no acumulado até a segunda semana deste mês, a média diária caiu para 34,55 mil toneladas (Secex).
Apesar do recuo na segunda semana, o volume embarcado diariamente aumentou 79,6% em relação a fevereiro último, mas caiu 20,6% frente à média de março do ano passado.
Com relação aos preços, o mercado físico segue firme, com negócios entre R$56,00 e R$57,00 por saca de 60 quilos na região de Campinas-SP, segundo levantamento da Scot Consultoria.
O câmbio valorizado, a boa demanda, as incertezas com relação ao clima e as expectativas de estoques menores nesta temporada dão sustentação aos preços no mercado brasileiro.
No entanto, no mercado futuro (B3), as cotações dos contratos de milho caíram nos últimos dias, diante das incertezas em função do coronavírus e da queda no preço do petróleo, que poderão prejudicar a demanda interna e mundial.
Scot Consultoria
Notícias Agrícolas – 19/03/2020