A produção agropecuária de Mato Grosso pode atingir receita de mais de R$ 96,5 bilhões nesse ano, conforme nova revisão otimista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com dados extraídos durante o mês de setembro, o Valor Bruto da Produção (VBP) estadual, se confirmado, superará em 7,40% o consolidado no ano passado, R$ 89,88 bilhões. Com a safra praticamente consolidada, o Estado que é o maior produtor nacional de grãos e fibras deverá responder por 15,92% de todo faturamento nacional.
Esse será o segundo ano consecutivo em que Mato Grosso irá liderar também o ranking de maior VBP do País, superando a receita paulista, que até 2017, seguia como a maior do Brasil. São Paulo deverá fechar o ano com receita de R$ 75,18 bilhões.
No ano passado, a receita agropecuária estadual era recorde para a série local, até então. O calculo do VBP leva em consideração as 20 principais culturas de cada unidade da federação. A receita deriva das médias de preços em determinados períodos para cada cultura, bem como os volumes produzidos. Por isso, o faturamento projetado se refere apenas ao que ocorre da ‘porteira para dentro’, justamente por considerar preços e volumes produzidos.
Dados atualizados pelo Mapa mostram que o VBP de Mato Grosso apresenta avanço anual, tanto na receita gerada pela agricultura como pela atividade pecuária. O recorde está alicerçado sobre o bom desempenho do algodão, do milho e da bovinocultura, atividades que além do peso que agregam ao VBP estadual, registram consideráveis aumentos no faturamento anual, incluindo recordes, como é o caso do cereal e da fibra.
Dos R$ 96,54 bilhões projetados, R$ 77,80 bilhões virão das lavouras e outros R$ 18,73 bilhões da pecuária. Se confirmado, o segmento da agricultura será responsável por mais de 80% do faturamento do VBP estadual em 2019. Em destaque no Estado estão as lavouras de milho com crescimento anual da receita em 26,5%, de algodão (+19,4%) e de cana-de-açúcar (+5,07%). Na pecuária se destacam a bovinocultura (+8,51%), a suinocultura (+13,76%), a avicultura (+14%) e as produções de ovos (+20,80%) e de leite (+1,22%). No campo, entre as culturas de peso, apenas a soja apresentou queda anual (-6,39%), mas segue significativa pela representatividade financeira. Na pecuária, todas as cinco atividades mensuradas têm perspectivas de altas frente a 2018.
RECEITAS – O algodão assume novo valor histórico em 2019, com receita estimada em R$ 26,72 bilhões, contra R$ 22,37 bilhões no ano passado, até então um recorde. O milho, com receita (também recorde) de R$ 12,07 bilhões contra R$ 9,54 bilhões. Há menos de dez anos, na safra 2010, o VBP do cereal somava pouco mais de R$ 3 bilhões.
A cana-de-açúcar deverá somar R$ 2,03 bilhões, ante um faturamento anterior de R$ 1,92 bilhão.
Apesar do peso que agrega ao agronegócio estadual, seja no VBP como nas exportações, a soja é a principal commodity do Estado a fechar o ciclo em retração. No ano passado o VBP somou R$ 37,67 bilhões e nesse ano – com a safra totalmente encerrada desde abril – a oleaginosa aponta R$ 35,26 bilhões. Por mais que haja ajustes de mercado sobre as cotações da saca no decorrer do atual ano-safra, não serão suficientes para reverter o saldo, já que de uma produção de mais de 32,8 milhões de toneladas – recorde de produção – mais de 90% desse volume estão comercializados até o momento.
A bovinocultura deve contabilizar R$ 14,02 bilhões contra R$ 12,92 bilhões. A avicultura deverá atingir R$ 2,44 bilhões ante R$ 2,14 bilhões, suínos passa de R$ 828,20 milhões para R$ 942,68 milhões. A produção do leite deve ampliar a receita para R$ 577,64 milhões contra R$ 570,57 milhões do ano passado e a produção de ovos passa de R$ 620,73 milhões para R$ 749,04 milhões.
BRASIL – O VBP deve atingir R$ 606,2 bilhões este ano. A projeção indica um aumento de 1,7% em comparação ao valor alcançado em 2018, que foi de R$ 596,1 bilhões.
Conforme a projeção, “as lavouras representaram um faturamento bruto de R$ 398 bilhões e a pecuária, R$ 208 bilhões. A pecuária teve crescimento real de 6,4% em relação a 2018, e as lavouras retração de -0,6%”.
Em relação aos dados por região, o Centro-Oeste lidera com VBP estimado de R$ 177,79 bilhões. Em seguida, aparecem Sudeste (R$ 145,4 bilhões), Sul (R$ 141,7 bilhões), Nordeste (R$ 56,9 bilhões) e Norte (R$ 36,9 bilhões).
O que é VBP – O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. Calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil. O valor real da produção, descontada a inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas. A periodicidade é mensal com atualização e divulgação até o dia 15 de cada mês.
Diário de Cuiabá – 22/10/2019