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A escalada de preços do milho registrada em maio, tanto no mercado interno quanto no externo, motivou a antecipação do início das vendas do milho do ciclo 2018/19, que só começará a ser plantado a partir de setembro, dependendo da região do país. O movimento de vendas perdeu força desde a paralisação dos caminhoneiros, mas ainda assim está adiantando em relação há outros anos. Em Mato Grosso, principal Estado produtor do cereal, as vendas chegaram a 3.2 milhões de toneladas, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) até 11 de junho. O volume é destinado, sobretudo, à exportação. O plantio do ciclo 2018/19 no Estado, que não cultiva milho na safra de verão, só começará em janeiro, ou seja, na safrinha. No ciclo atual, o 2017/18, a comercialização antecipada do cereal começou apenas em outubro.”O produtor aproveitou a alta do grão no mercado disponível, e os operadores travaram vendas para 2019″, disse o analista da consultoria AgRural, Adriano Gomes. “Mas agora as vendas estão mesmo da mão para a boca”, completou.
A paralisação nos negócios em função da disputa em torno dos fretes pode ter levado produtores a perder oportunidades de travar vendas com preços mais altos. Há um mês, em Chicago, o bushel do milho estava na casa dos US$ 4,00. Hoje, o contrato com vencimento em julho está ao redor dos US$ 3,50. No mercado interno, as cotações também caíram após a paralisação dos caminhoneiros, refletindo a ausência de negociações. “Nossas comercializações estão travadas no mercado interno e externo. Ninguém quer arcar com o frete”, disse Gomes. Em Sorriso (MT), a saca de milho era negociada a R$ 22,00 a um mês e estava na casa dos R$ 18,00 na sexta-feira.Produtores estimam que o valor do frete tenha aumentado cerca de 40% para grãos, após o governo ter estabelecido uma tabela de fretes.
Diante disso, ao mesmo tempo em que as vendas da nova safra estão adiantadas, a comercialização da produção do ciclo atual em Mato Grosso, em fase de colheita, está em modo de espera. No Estado, que produziu 26.4 milhões de toneladas de milho, restam cerca de 8 milhões de toneladas para serem comercializadas e há dúvidas sobre como os 70% da produção já vendida será entregue. “Estamos vendo é uma boa dor de cabeça pela frente”, disse Zilto Donadello, coordenador da comissão de política agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Segundo ele, faz 30 dias que não há negociações de soja e milho. “O problema é que, se a situação não mudar, vai faltar armazém”, disse. “E as vendas foram travadas com o frete em outro valor”.
Ele destacou que o problema para armazenagem de milho no Estado não é algo novo, mas pode ficar mais evidente com a paralisação das vendas de grãos. No Paraná, as vendas de milho também começaram mais cedo, com o agricultor aproveitando os valores oferecidos pelo cereal na região. “Eu já vendi a safra de verão inteira”, disse Wilson Grolli, produtor de grãos em Cascavel, Paraná.
Apesar de produtores já estarem fechando negócios para o milho do ciclo 2018/19, as vendas da safra 2017/18 têm ritmo lento no Sul do País. Os últimos dados do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (DERAL) mostram que só 14% da segunda safra, estimada em 10 milhões de toneladas no Estado, foi vendida. Enquanto que 74% da primeira safra, de 2.9 milhões de toneladas, foram comercializadas. “No Sul, há demanda da indústria de carnes, mas há muitas dúvidas de como será feita essa entrega”, disse Gomes.
Fonte: VALOR