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Controle de custos e planejamento estratégico são essenciais para garantir a manutenção dos produtores na atividade em períodos de alta dos insumos.
A suinocultura brasileira vem passando por momentos desafiadores desde o início do ano. A alta nos custos de produção, em função da alta no preço do milho e do farelo de soja, e a redução das exportações aumentaram a oferta no mercado interno, o que resultou em queda significativa do preço de venda do suíno vivo em todas os estados do país. Esse conjunto de fatores trouxe prejuízo a suinocultores que ainda se recuperavam de uma crise recente, indicando a necessidade de um planejamento estratégico que reduza o impacto das inevitáveis crises as quais a atividade está sujeita.
Visto que a alimentação do suíno representa cerca de 80% do custo de sua produção, o setor enfrenta um momento de custo muito elevado. O farelo de soja se aproxima de R$ 1.500 por tonelada em algumas regiões, em função do câmbio e da alta demanda deste grão para exportação. Porém, é o milho que mais preocupa no momento. A dinâmica deste mercado sofreu uma reviravolta enorme nos últimos anos em função de um conjunto de fatores que, somados, beneficiaram o produtor do grão, dando-lhe mais opções de comercialização e possibilidades de vender no momento mais lucrativo. A luz de alerta foi acionada em 2016 quando a saca de milho ultrapassou o valor de 50 reais, por falta de produto no mercado interno, enquanto as exportações de milho batiam recorde.
Os produtores de milho mais capitalizados e com maior facilidade de armazenagem (graças ao uso frequente de silos bolsa), o mercado de exportação favorável com o dólar e a demanda externa em alta, e a migração cada vez maior do plantio de milho da primeira para a segunda safra de maior risco climático são fatores determinantes para a redução da oferta deste cereal no mercado interno – e, consequentemente, o aumento do seu preço.
Esse foi um dos motivos pelos quais o preço do suíno despencou no primeiro quadrimestre deste ano, ficando abaixo de R$ 3,00 o kg vivo na maioria das praças em abril, levando os suinocultores a prejuízos consideráveis. A situação se agravou devido à suspensão das exportações por parte da Rússia, mercado correspondente a quase 40% dos volumes embarcados no ano passado, o que impactou em maior oferta de carne no mercado interno.
A possibilidade de renegociação com o mercado russo e a abertura da Coreia do Sul à carne suína brasileira apresentam esperança aos suinocultores. No entanto, no que concerne aos insumos, o cenário ainda é desanimador. Embora os estoques de passagem de milho de 2017 para 2018 tenham sido satisfatórios – por volta de 18 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) –, neste momento que antecede a colheita da segunda safra há ainda uma tendência de preços em alta.
Isso se deve à redução de quase 14% na produção da primeira safra de verão, pela redução da área de plantio; à quebra estimada em 25% da safra da Argentina, que é o 3º maior exportador mundial de milho – atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil; ao crescimento de 114% das exportações brasileiras de milho entre janeiro e abril de 2018, em relação ao mesmo período de 2017; e à segunda safra de 2018, prevista para iniciar a colheita em poucas semanas – o risco de quebra na produtividade média é grande, em função do atraso do plantio e da dependência de fatores climáticos favoráveis no Paraná e no Centro-oeste.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, explica que o suinocultor praticamente não tem margem de manobra para definir o preço de venda do seu produto e por isso deve estar atento ao movimento do mercado de milho, expectativas de safra e custo de produção deste grão, para saber até onde pode chegar numa negociação de contrato futuro. “Comprar estrategicamente os insumos exige além da atenção ao mercado e à sazonalidade, o capital de giro disponível para efetivar a aquisição pelo melhor preço e o armazenamento de volumes que permitam suportar os períodos de alta nos preços”.
Conhecer e gerenciar o seu custo, entender a dinâmica do mercado de grãos e agir proativamente a fim de garantir a segurança alimentar do seu plantel a um custo que permita margens, mesmo nas crises do mercado de carnes, também são algumas das orientações. “Profissionalização, controle de custos e planejamento estratégico são a chave para se manter na atividade com margens financeiras que permitam acompanhar a evolução da suinocultura e a perpetuação do negócio”, conclui Lopes.
Fonte: ABCS.