Clima na Argentina e parte do Brasil continua preocupando
As cotações do milho em Chicago igualmente subiram nesta semana de dezembro, com o fechamento desta quinta-feira (19) ficando em US$ 3,86/bushel, após US$ 3,67 uma semana antes.
A assinatura da Fase Um do acordo comercial entre EUA e China movimentou um pouco o mercado do milho, pelo otimismo geral que o fato causa, porém, não tem implicações diretas no mercado do cereal já que a China não necessita de milho pois está com 200 milhões de toneladas do produto em estoque.
Ao mesmo tempo, as vendas líquidas estadunidenses de milho, para o ano comercial 2019/20, iniciado em 1º de setembro, somaram 873.500 toneladas na semana encerrada em 5 de dezembro. Esse volume significa um aumento de 28% sobre a média das quatro semanas anteriores. O volume ficou acima do esperado pelo mercado.
Além disso, o clima na Argentina e parte do Brasil continua preocupando. Especialmente porque as projeções meteorológicas para janeiro e fevereiro na Argentina não serem boas, fato que pode atingir igualmente o sul do Brasil.
Por outro lado, apesar de favorecer indiretamente as exportações de milho dos EUA e do Brasil, as novas tarifas sobre as exportações de produtos agrícolas na Argentina podem não influenciar muito o quadro local do cereal. Há uma corrente de analistas que defende, diante de uma produção de 50 milhões de toneladas no vizinho país em 2020, que será impossível os argentinos segurarem toda esta oferta no mercado interno (ocorre que o clima pode mudar este quadro de produção e alterar esta lógica). Assim, os preços em pesos vão diminuir, porém, as exportações continuarão da mesma forma. (cf. Safras & Mercado)
Neste contexto, a tonelada FOB de milho no mercado da Argentina fecha a semana na média de US$ 172,00, enquanto no Paraguai a mesma permaneceu em US$ 132,50.
E no Brasil, os preços continuaram firmes. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 37,37/saco, contra R$ 33,83 um ano antes. Desta forma, na comparação entre estes dois preços, o ganho nominal é de 10,5%, fato que leva a um ganho real ao redor de 7% neste final de ano (considerando a inflação oficial brasileira terminando 2019 em 3,5%). Já os lotes fecharam a semana entre R$ 44,00 e R$ 46,00/saco (R$ 37,00 a R$ 38,00/saco um ano antes). Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 33,00 em Sinop-MT (R$ 20,00/saco no final de 2018) até R$ 54,00/saco em Itanhandu-MG (R$ 37,00 um ano antes), passando por R$ 50,00 em Alfenas-MG (R$ 35,50 um ano antes) e R$ 46,50/saco em Videira, Concórdia e Campos Novos-SC (R$ 38,00 um ano antes).
A semana iniciou com o mercado girando em torno das dificuldades de abastecimento de milho no mercado paulista para o primeiro semestre do próximo ano. Diante disso, a tendência continua de alta nos preços locais para janeiro. Assim, a Sorocabana paulista subiu para valores ao redor de R$ 46,00/saco enquanto o CIF Campinas ficou em R$ 50,00/saco. A preocupação com a falta de milho já levou algumas indústrias a importarem milho da Argentina na semana anterior.
De fato, 2019 termina com o cenário para os primeiros quatro meses de 2020 bastante complicado em termos de perspectivas de oferta do cereal. A safra de verão deverá ser menor, pela redução de área e pelos problemas climáticos pontuais que já ocorrem, além de os estoques de passagem estarem reduzidos devido a forte exportação deste ano. Por tanto, importações de milho dos vizinhos países deverão continuar nos próximos meses.
Para complicar o quadro, mais especificamente em São Paulo, os preços altos existentes hoje em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais estariam indicando que os valores praticados em São Paulo ainda estão baixos, podendo subir mais em janeiro.
Neste quadro, a safrinha 2020 continua com valores elevados, mesmo diante de um câmbio onde o Real ficou mais valorizado nesta semana, e diante da pouca reação de Chicago. Em São Paulo a mesma indica preços no porto de Santos a R$ 40,00/saco para agosto e setembro, com ofertas a R$ 42,00. Em Goiás mercado segue pedindo acima dos R$ 30,00/saco para meados do próximo ano, porém, sem compradores. Em Santa Catarina a oferta pede valores entre R$ 40,00 e R$ 41,00/saco no CIF, mais ICMS, para julho e agosto no oeste do Estado. No Mato Grosso as tradings indicam valores de R$ 23,50 a R$ 24,50/saco na safrinha, dependendo da localização, enquanto as ofertas ficam acima de R$ 26,00. E no Paraná o mercado trabalha com preços na safrinha ao redor de R$ 39,00 em Paranaguá, para agosto e setembro, enquanto no interior do Estado os valores chegam entre R$ 32,00 e R$ 33,00/saco. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, o plantio da atual safra de verão chegava, no dia 13/12, a 96% da área esperada no Centro-Sul brasileiro, contra 99% em igual momento do ano passado. Minas Gerais ainda apresentava considerável atraso, com 86% semeado, contra 98% no ano anterior.
CEEMA / UNIJUI
Agrolink – 20/12/2019