FORT COLLINS, Colorado (Reuters) – Os embarques de milho dos Estados Unidos recuaram para uma mínima de 19 meses em junho, e provavelmente não tiveram um desempenho muito melhor em julho, à medida que os preços elevados e a competição externa continuam a suprimir o negócio de exportação para o maior fornecedor mundial de milho.
Enquanto isso, as exportações norte-americanas de soja foram recorde para o mês, com operadores visando atender a grande quantidade de vendas pendentes à China, maior compradora da oleaginosa no mundo.
De acordo com dados publicados na sexta-feira pelo Census Bureau norte-americano, os EUA exportaram 3,07 milhões de toneladas de milho em junho, menor volume para o mês em seis anos e menor para qualquer mês desde novembro de 2017, além de uma retração de 57% ante a excelente performance de junho de 2018.
Os embarques de milho do país nos primeiros dez meses do ano comercial de 2018/19, iniciado em 1º de setembro, totalizaram 46,6 milhões de toneladas (1,84 bilhão de bushels). Uma queda de 5% em relação ao ano anterior, sendo que junho foi o primeiro mês em que as exportações em 2018/19 ficaram abaixo daquelas registradas em 2017/18.
Os EUA ainda possuem 6,7 milhões de toneladas de milho para exportar durante os dois últimos meses do atual ano comercial para que batam a previsão de 53,3 milhões de toneladas (2,1 bilhões de bushels) estabelecida pelo Departamento de Agricultura do país (USDA, na sigla em inglês) –em outubro, a meta era de 62,9 milhões de toneladas (2,475 bilhões de bushels).
Os embarques de julho e agosto precisam de média de 3,36 milhões de toneladas para atenderem à expectativa, valor bem abaixo da média recente, mas inspeções de exportações semanais dos USDA sugerem que as vendas de julho possam ter ficado em nível muito inferior a essa marca.
Em 25 de julho, os dados semanais de vendas de exportação do USDA mostravam vendas de milho 2018/19 não embarcadas em 3,89 milhões de toneladas, menor volume para a data em pelo menos cinco anos. Os dados de inspeção da manhã desta segunda-feira colocam os embarques de milho dos EUA em 631.289 toneladas na semana finalizada em 1º de agosto.
Os compromissos totais do milho norte-americano para 2018/19 mantinham-se em 49,9 milhões de toneladas em 25 de julho.
Com os embarques reduzidos dos EUA, competidores da América do Sul estão aumentando suas exportações, para um mundo ainda demandante.
O Brasil, segundo maior exportador do produto, embarcou 6,3 milhões de toneladas do grão em julho, um volume recorde para qualquer mês na história.
De acordo com as estimativas do USDA, Brasil, Argentina e Ucrânia exportarão juntos 99,5 milhões de toneladas de milho em 2018/19, cerca de 52% a mais que no ano anterior. O recorde anterior para os três importantes fornecedores do produto é de 78,9 milhões de toneladas, de 2016/17.
TUDO DEPENDE A CHINA
Os EUA exportaram 3,19 milhões de toneladas de soja em junho, superando o recorde do ano anterior para o mês, de 3,12 milhões de toneladas. Entre setembro e junho, os embarques totalizaram 38,95 milhões de toneladas (1,4 bilhão de bushels), queda de 24% na comparação anual.
As exportações para a China atingiram 1,73 milhão de toneladas em junho, cerca de 54% do total exportado no mês, o que representa importante parcela mensal da China nas exportações norte-americanas da oleaginosa, ultrapassando os 50% pela primeira vez desde janeiro de 2018.
Os embarques para destinos além da China somaram 1,47 milhão de toneladas, uma queda expressiva ante o ano anterior, mas acima das médias recentes para junho, sugerindo que o comércio de soja com outros países está caminhando dentro da normalidade.
A China, porém, permanece como foco, uma vez que 4,25 milhões de toneladas de soja norte-americana ainda aguardavam embarque para o país asiático em 25 de julho. As inspeções de exportação indicam que pelo menos 579 mil toneladas partiram para a China na semana finalizada em 1º de agosto.
O USDA projeta que as exportações de soja dos EUA devem atingir 46,3 milhões de toneladas (1,7 bilhão de bushels), o que indica que em média de 3,66 milhões de toneladas precisariam deixar os portos norte-americanos tanto em julho quanto em agosto. Dados de inspeção mostram que os embarques de julho superaram essa marcam, mas o ritmo deve alcançar quase 750 mil toneladas por semana entre agora e 31 de agosto para que a perspectiva do USDA seja atingida.
Se isso vai acontecer, depende fortemente da conclusão das vendas à China. Os compromissos totais da soja para 2018/19 permaneciam em 48,7 milhões de toneladas em 25 de julho, mostrando que há certa margem, mas não se a China cancelar encomendas abruptamente.
Nesta segunda-feira, em meio a uma escalada da guerra comercial, o Ministério de Comércio da China informou que companhias chinesas pararam de comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos, e que a China não descarta impor tarifas a esses bens norte-americanos comprados após 3 de agosto.
Reuters – 05/08/2019