A Abramilho juntamente com a Aprosoja recebeu, nesta terça-feira (16), uma delegação do governo argentino para um encontro voltado ao fortalecimento do diálogo e da cooperação entre os dois países no setor agrícola. Durante a reunião conduzida pelo presidente Paulo Bertolini, o diretor executivo, Glauber Silveira, e o diretor técnico Daniel Rosa foi possível apresentar a atuação da entidade, e mostrar o papel estratégico na representação e defesa dos interesses dos produtores brasileiros de milho e sorgo, tanto no cenário nacional quanto internacional.
Participaram do encontro: o Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca da República Argentina, Sergio Iraeta; o Subsecretário de Mercados Agroalimentares e Inserção Internacional, Agustín Tejera; o Subsecretário de Economias Regionais e Pequenos e Médios Produtores, Martin Giaccio; a Presidente do SENASA, Maria Beatriz Giraudo; o Assessor da Adidância Agroindustrial Argentina, Cristian Rondán; dentre outras autoridades.

Impactos da Lei Antidesmatamento
Durante a reunião, a Abramilho apresentou iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva e promoveu o debate de temas relevantes, como os impactos da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR) e as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao setor agrícola (o chamado “tarifaço”).
Uma grande preocupação compartilhada pelos dois países é referente à Lei Antidesmatamento da União Europeia, que cria barreiras comerciais à entrada de produtos oriundos de fora do bloco europeu, utilizando o argumento da sustentabilidade — o que, na prática, representa uma forma de barreira protecionista.
A legislação europeia classifica os países de acordo com seu grau de risco de desmatamento, mas ignora a legislação ambiental local e impõe uma série de exigências no controle dos carregamentos provenientes desses países. Atualmente, tanto o Brasil quanto a Argentina estão classificados como risco padrão (“standard”); entretanto há receio de que, em uma futura revisão, possam ser reclassificados como países de alto risco de desmatamento.
Em relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia, discutiu-se amplamente as chamadas “salvaguardas” apresentadas pelo bloco europeu, que preveem aumento nas tarifas de exportação dos produtos do Mercosul caso o volume exportado exceda determinados limites ou os preços caiam consideravelmente na União Europeia. Trata-se, novamente, de uma medida que visa proteger o mercado interno e a competitividade da agricultura europeia, uma das mais subsidiadas do mundo.
Tarifaço americano
Quanto ao “tarifaço”, a delegação argentina demonstrou preocupação menor em comparação ao Brasil, uma vez que o atual presidente da Argentina tem uma postura mais alinhada ao governo de Donald Trump. No entanto, foi alertada sobre a questão da Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos, que acusa o Brasil de práticas comerciais desleais ou discriminatórias — e que também poderia, eventualmente, ser aplicada à Argentina.
Safra recorde no Brasil
O presidente Paulo Bertolini destacou ainda a safra recorde de grãos registrada na temporada 2024/2025. De acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total alcançou 350 milhões de toneladas. A produção de milho atingiu 139 milhões de toneladas, um crescimento de 20,9% em relação à safra anterior.
Bertolini também ressaltou a necessidade do agronegócio comunicar de forma eficaz suas ações, utilizando a mídia e outros canais informativos para mostrar o papel fundamental do agro na economia e na promoção da segurança alimentar global.
Cooperação
Ao final do encontro, ficou evidente a necessidade de uma atuação mais coordenada entre Brasil e Argentina no cenário agrícola internacional. Representantes dos dois países destacaram a convergência de posições em temas estratégicos e defenderam o fortalecimento do Conselho Agropecuário do Sul (CAS) — órgão que reúne os ministros da Agricultura do Mercosul — como instrumento essencial para a articulação regional.


