E no Brasil, o preço do milho continua firme e com viés de alta
As cotações do milho em Chicago ensaiaram uma recuperação nesta semana, porém, sem grandes consistências. Assim, o primeiro mês cotado fechou a semana (05/12) em US$ 3,65/bushel, contra US$ 3,62 uma semana antes. A média de novembro fechou em US$ 3,73/bushel, contra US$ 3,65 um ano antes, e US$ 3,89/bushel em outubro passado.
O mercado, enquanto espera o relatório de oferta e demanda do mês de dezembro, previsto para o dia 10/12, repercutiu o risco de que haja uma área menor na safra de inverno dos EUA, fato que elevou o preço do trigo com consequências positivas para o milho.
Todavia, este movimento não foi suficiente para grandes recuperações de preço já que as exportações estadunidenses de milho foram relativamente fracas, atingindo a 806.800 toneladas na semana anterior. Espera-se que este volume melhore na medida em que se entra no período em que as exportações do cereal, por parte da Argentina e do Brasil, diminuem.
O mercado passa a acompanhar de perto o clima na Argentina (e seria bom igualmente que o fizesse a respeito do sul do Brasil), onde as chuvas escassearam em boa parte das regiões produtoras. Aliás, para a Argentina há previsões de chuvas abaixo do normal em dezembro e janeiro, fato que pode repercutir, por exemplo, no Rio Grande do Sul e, talvez, em outros Estados do sul brasileiro.
A colheita de milho nos EUA atingia a 89% da área no dia 1º de dezembro, havendo a possibilidade de um maior número de lavouras ficarem para ser colhidas somente na próxima primavera, após o período das neves que lá ocorre. Mesmo assim, o mercado ainda não demonstra grandes preocupações a respeito.
Dito isso, a tonelada FOB de milho na Argentina fechou a semana em US$ 170,00, enquanto no Paraguai a mesma atingiu a US$ 132,50. Em ambos os casos com alta em relação a semana anterior.
E no Brasil, o preço do milho continua firme e com viés de alta. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 36,22/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 44,00 e R$ 46,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 32,00/saco em parte do Nortão do Mato Grosso, até R$ 50,00/saco em Itanhandu (MG), passando por R$ 45,50 em Videira e Concórdia (SC), além de R$ 49,00/saco em Alfenas (MG).
Esta pressão altista, já comentada neste espaço nas últimas semanas, vem de um quadro de oferta reduzida em São Paulo, e preços em elevação no Centro-Oeste e Minas Gerais justamente pela demanda paulista. Como não há milho disponível no Paraguai, de forma suficiente, o produto argentino passa a ser visado. Entretanto, com o atual câmbio o produto importado tem um custo de R$ 48,00 a R$ 49,00/saco no porto, equivalendo a R$ 56 a R$ 57,00/saco no CIF Campinas.
Soma-se a isso o atraso no plantio da safra de verão, sobre uma área um pouco menor em relação ao ano passado, e o quadro de preocupações está formado, pois teme-se pelo abastecimento do cereal nos primeiros três meses do próximo ano.
Além disso, as exportações avançam, com dezembro já possuindo 2 milhões de toneladas nomeadas para embarque, enquanto novembro teria registrado 4,6 milhões efetivamente exportadas. Com estes números, as exportações brasileiras, entre fevereiro e dezembro atingem a 37,3 milhões de toneladas, faltando ainda todo o restante de dezembro e o mês inteiro de janeiro para fechar o atual ano comercial. Assim, as exportações estão se confirmando recordes e a chegada de milho novo somente a partir de fevereiro/março no Sudeste. Assim, os produtores paulistas, que trabalham com pivôs e poderão ofertar milho mais cedo, começam a demandar preços de R$ 50,00/saco, caso que já se verifica em Minas Gerais.
Neste embalo, a safrinha de 2020, no Paraná, trabalha com valores entre R$ 25,00 e R$ 26,00/saco, para setembro/outubro, havendo pouco interesse das tradings para lotes entre julho e agosto. Já na Sorocabana paulista a safrinha chega a R$ 38,00/saco Fob para agosto e setembro, enquanto em Goiás há compradores tipo tradings oferecendo entre R$ 28,00 e R$ 29,00/saco, enquanto o mercado interno atinge a R$ 30,00 para julho próximo.
Enfim, o plantio da safra de verão de milho, no Centro-Sul brasileiro, até o dia 29/11 atingia a 91% da área esperada, contra 96% em igual momento do ano anterior. A área total esperada é de 3,94 milhões de hectares, correspondendo a um recuo de 3% em relação ao ano passado.
CEEMA / UNIJUI
Agrolink – 09/12/2019