Notice: Undefined offset: 1 in /home/abramilho/domains/abramilho.org.br/public_html/wp-content/themes/jnews/class/ContentTag.php on line 86
Notice: Undefined offset: 1 in /home/abramilho/domains/abramilho.org.br/public_html/wp-content/themes/jnews/class/ContentTag.php on line 86
As perdas com a greve dos caminhoneiros superaram os R$ 75 bilhões. No
entanto, o prejuízo será ainda maior se o Brasil não reestruturar sua
matriz de transporte. É o que afirma o diretor da Sociedade Nacional de
Agricultura (SNA), Antônio Freitas.
Diante do atual cenário, o diretor da SNA propõe para dar
descontinuidade à dependência do País em relação ao transporte
rodoviário, a abertura de uma concorrência internacional para explorar
os transportes ferroviário, marítimo e fluvial, semelhante ao que
ocorre nos aeroportos.
Outra importante iniciativa, segundo Freitas, é a remuneração do
frete por condições do mercado, assim como já ocorre no transporte
aéreo.
“A intervenção do estado, estabelecendo quotas, criando tabelas e/ou
valores artificiais, sempre resultou em prejuízo, financiado pelos
nossos impostos. Logo, toda a logística deve ser negociada entre quem
produz e quem transporta, considerando as variadas flutuações do
mercado”.
Segundo o diretor da SNA, “a logística acima de 500 quilômetros, por
exemplo, deveria ser feita por transporte ferroviário, fluvial e/ou por
cabotagem. E o transporte com uma distância inferior, via rodovias”.
Freitas aponta ainda como outra hipótese para dar mais capilaridade à
logística brasileira, a disponibilidade de trens mistos, por exemplo,
com 500 vagões de carga e dois destinados a passageiros, como já
ocorre na Europa.
BRECHAS
“Temos oportunidades únicas para reavivar a cabotagem e o transporte
ferroviário, que além de não ter avançado, andou para trás.
Possuímos a maior reserva de água doce do mundo e contamos com 42.000
quilômetros de rios navegáveis, que poderiam servir para o transporte
de bens de consumo, de alimentos e de passageiros”.
Além disso, Freitas lembra que o país possui “um expressivo número
de aquíferos e rios que, com o desassoreamento, poderiam servir de meio
de transporte entre os diferentes municípios e até para exportação a
um custo muito mais competitivo e de forma mais sustentável”.
INFRAESTRUTURA
Por outro lado, o diretor da SNA salienta que o Brasil precisa criar
condições para que os setores privados, nacional e internacional, se
sintam atraídos para investir em infraestrutura.
“Isso envolve questões como aprimorar o processo de licitação;
redigir contratos factíveis, que levem a uma alocação de riscos
eficientes, e melhorar a governança das agências reguladoras,
apolíticas e técnicas, de forma que a gestão dos contratos seja
eficiente”, disse.
“A sociedade precisa intensificar, junto ao poder público, essas
discussões e exigir um plano estruturado imediato e de longo prazo para
corrigir os gargalos logísticos do Brasil, causados pela falta de
diversificação, de desenvolvimento e de integração dos modais”.
Para Freitas, “somente com todas essas ações é que vamos conseguir,
enfim, dar racionalidade à logística brasileira e fazer com que o
país passe a transportar as suas riquezas, para uso doméstico e
exportação, de forma mais eficiente e conectada para alcançar o
desenvolvimento sustentável de que tanto precisa”.
DESCOMPASSO
Segundo dados da Fundação Dom Cabral, 75% de tudo que é produzido no
Brasil é transportado em rodovias. Apenas 9,4% passam pelo modal
marítimo; 5,8% pelo aéreo; 5,4% pelo ferroviário; 3% via cabotagem e
apenas 0,7% por sistema hidroviário.
O transporte rodoviário no Brasil continua a enfrentar problemas como a
baixa qualidade das estradas, com apenas 200.000 km de pavimentação em
1.6 milhão de km de malha viária, além do alto índice de roubos de
cargas e da poluição ambiental.
“Somente em 2016, este modal emitiu quatro vezes mais gases de efeito
estufa do que todos os setores da Noruega, por exemplo. Só os
caminhões lançaram no ar 84.5 milhões de toneladas de CO2
equivalente”, disse Freitas.
“O alto custo do transporte rodoviário no Brasil também é um dos
entraves à competitividade e à exportação dos produtos brasileiros,
que é considerada baixa em relação ao PIB, ficando em 12%, quando a
média mundial é três vezes maior. E o problema parece estar longe do
fim”.
Para Freitas, “a opção pelo transporte rodoviário deságua na
equação de quanto mais se gasta com combustível, maior é a
arrecadação de impostos. Será isso proposital?”, questiona o
diretor da SNA, levando também em consideração o aspecto político.
“O que é mais fácil mostrar para a população, uma nova estrada ou
uma malha hidroviária mais fluente?”
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA (SNA)